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Projeto de capacitação de mulheres em comunidade de São Gonçalo

Por Paula Guatimosim

Costurar um ecossistema empreendedor não é tarefa fácil. Talvez envolva etapas similares à confecção de uma coleção de roupas. Pesquisar e desenvolver modelos, fazer os moldes, cortar, alinhavar e costurar o tecido e, com a peça pronta, fazer os acabamentos. O projeto “Costurando um ecossistema empreendedor no Salgueiro/SG”, desenvolvido no Complexo do Salgueiro, município de São Gonçalo, também passou, ao longo de 20 anos, por várias etapas até assumir os atuais contornos do “Coletivo Mulheres do Salgueiro”. Uma comunidade localizada na região Metropolitana do Rio, cortada pela BR 101, marcada pela vulnerabilidade social, a riscos relacionados à saúde e ao meio ambiente. Suscetível a enchentes e com altas taxas de desemprego decorrente da baixa escolaridade da população, a comunidade sofre com a carência de políticas públicas.

O projeto “Costurando um ecossistema empreendedor no Salgueiro”, proposto à FAPERJ pela pedagoga Janete Nazareth Guilherme, ativista dos direitos humanos, militante do movimento de mulheres e economia solidária, ganhou suporte do Programa de Apoio em Empreendedorismo de Impacto Socioambiental Positivo do Estado do Rio de Janeiro. O objetivo da proposta, cuja vigência vai até fevereiro de 2024, é elaborar um catálogo com a descrição de cerca de 100 empreendedores da região; fornecer um guia para os empreendedores com a listagem das principais instituições que apoiam o empreendedorismo, dar continuidade ao curso de moda promovido anualmente pelo Coletivo e promover workshops de capacitação.

Janete conta que o movimento surgiu por volta do início dos anos 2000, na busca de alternativas de geração de renda para as mulheres da comunidade, muitas delas catadoras do lixão de Itaoca, que só viria a ser desativado em 2012. A opção por confeccionar roupas e acessórios com o reaproveitamento de banners e com couro curtido de tilápia buscava aproveitar esse subproduto gerado pelos eventos e diversos projetos de piscicultura que visavam impulsionar a criação e processamento desse pescado na região.

Em 2006, com o apoio da incubadora Instituto Genesis, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), e recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), o Coletivo iniciou o desenvolvimento de um produto de moda diferenciado, que utilizava couro de tilápia. Para tanto, foi construído no Complexo do Salgueiro um laboratório para o curtimento e beneficiamento do couro do pescado. “Era um empreendimento que não ocupava o asfalto, mas sim o chão da favela, para beneficiar seus moradores”, ressalta Janete. O primeiro Curso de Moda nasceu em 2006 e foi idealizado com foco na costura criativa, visando o reaproveitamento de matérias-primas e a sustentabilidade ambiental.  Janete explica que toda roupa ou acessório produzido com couro de tilápia oferece um diferencial ao mercado.

O primeiro Curso de Moda nasceu em 2008. Até hoje, já passaram pelo projeto mais de 3 mil mulheres

Os produtos confeccionados com couro de tilápia oferecem um diferencial ao mercado

O Impacto Transformador do Coletivo Mulheres do Salgueiro

O Coletivo Mulheres do Salgueiro, liderado pela pedagoga Janete, é um projeto que promove a capacitação e geração de renda para mulheres por meio da produção de joias com couro de tilápia, um material reaproveitado.

Empoderamento Através da Educação e Empreendedorismo Social

O projeto teve início em 2011, com o apoio da FAPERJ, visando não apenas a geração de renda, mas também a capacitação das mulheres para se tornarem agentes transformadoras de suas próprias vidas. Janete percebeu a importância de proporcionar uma educação libertadora, o que a levou a buscar formação em Pedagogia e especialização em educação e organização popular comunitária.

Parcerias e Apoio Comunitário

O Coletivo Mulheres do Salgueiro conta com o apoio de diversas instituições, incluindo a Universidade Federal Fluminense (UFF), a Faculdade de Formação de Professores (FFP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio). Essas parcerias têm sido fundamentais para o sucesso e expansão do projeto.

Desde o início do projeto a pedagoga Janete sentiu que a geração de renda não era suficiente para capacitar as mulheres

Impacto Social e Econômico

A trajetória do Coletivo é marcada pelo impacto positivo na vida de mais de 3.000 mulheres. Além de capacitar para o empreendedorismo, o projeto também tem sido um espaço de acolhimento, troca de experiências e crescimento pessoal para as participantes, contribuindo para casos de superação, como o de uma mulher que conseguiu deixar uma situação de violência doméstica e conquistar sua independência financeira.

Desafios e Sustentabilidade

O projeto enfrenta desafios, como a mudança de gestão nas administrações municipais e a distância para adquirir o material. Apesar disso, o Coletivo tem buscado expandir suas vendas em eventos e feiras de moda, especialmente após a pandemia, fortalecendo a formação empreendedora mais sustentável e saudável para as mulheres participantes.

Para saber mais sobre o Coletivo Mulheres do Salgueiro, acesse a fonte.

FAQ

1. Como posso apoiar o Coletivo Mulheres do Salgueiro?

Você pode apoiar o Coletivo Mulheres do Salgueiro divulgando o projeto, adquirindo as joias produzidas ou participando de eventos e feiras de moda onde as peças são vendidas. Além disso, contribuir com doações ou oferecer suporte técnico também são formas de apoio.

Conclusão

O Coletivo Mulheres do Salgueiro é um exemplo inspirador de como a capacitação, empreendedorismo e educação podem transformar vidas e comunidades. Sua atuação vai além da geração de renda, buscando promover independência, empoderamento e sustentabilidade para as mulheres envolvidas. Com o apoio de parceiros e a dedicação da equipe, o projeto continua a impactar positivamente a sociedade e a promover mudanças significativas.

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